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Que a DreamWorks Animation sempre foi boa em criar personagens divertidos e marcantes, isso não há dúvida, muito embora não possa se dizer o mesmo das suas histórias, vingando mais pelas piadinhas que caem na boca do povo do que seu conteúdo propriamente emocional que faz a diferença com o passar dos anos. Entre inéditos e continuações recentes, percebe-se que o estúdio tem se preocupado em refinar aquilo que é sensível ao coração e, com “Trolls“, essa nova fórmula narrativa se prova mais certeira do que nas produções anteriores.

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De acordo com o universo criado pelos roteiristas Jonathan Aibel e Glenn Berger (ambos de “Kung Fu Panda 3“) a partir do argumento de Erica Rivinoja (“Tá Chovendo Hambúrguer 2“) inspirado pelos clássicos bonequinhos Good Luck Trolls, ser troll é sinônimo de cantorias, festas, pausas para abraços, risadas, enfim, ser feliz. Um reinado de alegria que nunca incomodou nenhum outro ser na floresta até que foram descobertos pelos horrorosos Bergens, ogros mal humorados que só vieram a descobrir a felicidade a partir do momento em que devoraram os pequenos seres de cabelos coloridos. Na véspera de mais um Dia do Trollstício, ou seja, um banquete para que todos os Bergens da cidade possam ter um gostinho de alegria na boca, os trolls fogem na tentativa de testemunhar mais um massacre do seu povo, condenando os Bergens a décadas de infelicidade, isso, claro, até chegar o dia para que a expulsa Chef de cozinha dos Bergens possa executar sua vingança.

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A uma primeira vista, “Trolls” dá a impressão de que, de tão colorida e fofinha, é uma ingênua animação voltada para um público pré-escolar atento apenas às trapalhadas dos personagens. Muito pelo contrário. Os diretores Walt Dohrn e Mike Mitchell (do catastrófico “Shrek Para Sempre“) acertam na abrangência de seu público não só por trazer um visual engraçado e diferente quanto a sua textura peculiar, mas por apresentarem uma eclética seleção das músicas que vão de clássicos da Era Disco como ‘September’ e ‘I Feel Love’ e até mesmo a inesquecível ‘The Sound of Silence’ ganha uma reinterpretação interessante pela enérgica Poppy, bem dublada por aqui pela cantora Jullie enquanto no original ficou com a voz de Anna Kendrick. Mas se você é daquelas pessoas que detestam musicais e acha qualquer cantoria em filme um exagero (a animação não se esquece de debochar das tradicionais canções de jornadas enfatizadas em tantos longas da Disney), espere deixar se levar e se emocionar de vez com a brilhante versão de Kendrick e Justin Timberlake, que dubla o cinzento Tronco em inglês, para a igualmente bela ‘True Colors’ (Cyndi Lauper). Longe de soarem gratuitas ou escandalosas (purpurina aqui não falta, porém), cada música vem a complementar a boa construção da narrativa de acordo com as emoções transmitidas até ali.

Diversão também é o que não falta na parte dos Bergens, por mais assustadoras que sejam suas aparências (lembrando um pouco os monstrinhos de Maurice Sendak) e suas intenções para com os Trolls. Na arriscada missão de resgatar seus amigos, Poppy e Tronco acabam recebendo a ajuda da desengonçada Bridget, que sempre morreu de amores pelo Rei Gristle que, por sua vez, nunca soube o que é felicidade até se deparar com uma novata na cidade que lhe tira o fôlego, rendendo risadas pela reinterpretação do conto da Cinderela. A busca pela beleza no que é estranho aos olhos traz boas surpresas aqui, proporcionando uma aventura cada vez mais agradável e divertida.

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Cinzento e amargurado. Assim se pode resumir as características do personagem Tronco (que recebeu a dublagem do ator Hugo Bonemer) e foi mais ou menos da mesma forma que cheguei para ver “Trolls“, presumindo que seria mais uma animação esquecível e desinteressante. Das surpreendentes reinterpretações das músicas e de seu conteúdo amistoso, que se arrisca em se ater à qualidade de sua narrativa ao invés de se concentrar em gerar mais gags contemporâneas, lembrar que sempre há outras formas de ser feliz é uma mensagem que nunca chega tarde.

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