Doug Liman é um diretor/produtor de estúdio, e isso todo mundo sabe. E apesar de suas limitações cinematográficas (e mesmo narrativas), eu sempre gostei muito da agilidade dele na introdução da saga de Jason Bourne, em “A Identidade Bourne“, e até naquele remake de “True Lies” com a Angelina Jolie e Brad Pitt, o “Sr. & Sra. Smith“. Diretor que sabe extrair do elenco e da ação a matéria prima do entretenimento, Liman é um artesão como poucos em Hollywood. Dito isso, é um tanto decepcionante vê-lo entregando em “No Limite do Amanhã”, novo longa estrelado por Tom Cruise e (a maravilhosa) Emily Blunt, seu trabalho menos inspirado.

Naquela velha trama sobre invasão alienígena, e a iminente extinção humana, temos Cage (Tom Cruise), um sargento tão covarde e cheio de si que, ao se recusar fazer parte dum confronto militar britânico por hemofobia, é forçado a vestir um traje robotizado num ataque a uma praia infestada por “filhotes” alienígenas. O problema de Cage se torna solução quando ele é contaminado pelo sangue de um alien azul no confronto, o concebendo um tipo de poder sobre o tempo, o que o faz reviver inúmeras vezes aquele mesmo dia. Não há como negar que o enredo trás uma estratégia inventiva para a trama sobre invasão alienígena, e a irônia de um personagem do Tom Cruise se recusando a uma boa ação é a sutileza da inteligência da perspectiva de Liman sob o gênero, mas incontáveis são os erros e equívocos do roteiro para as situações criadas na medida que o filme constrói sua ideia, para além do apocalipse que só vemos pela sequência inicial já experimentada em dezenas de filmes (atuais). Não fosse a química instantânea de Cruise com Blunt, e sua consequente injeção de humanidade aos desejos e anseios daqueles personagens, pouco sustentável seriam as sequências desenfreadas de ação e o uso frenético do looping de tempo. Não que Doug Liman deixe de pontuar que esse se trata de um filme aos moldes de um blockbuster de ação, mas é que eu esperava ao menos uma explicação cênica um pouco mais palpável pra ele se desfazer tão facilmente de sua agilidade e naturalidade com os personagens e entregar um produto final tão pifío quanto a didática usada pra explicar o enredo do mesmo.

 

 

Não mais que um produto moderadamente divertido, e um espetáculo à parte de Emily Blunt (melhor rosto feminino de ação desde Milla Jovovich), “No Limite do Amanhã” falha justamente por se ver como um mero produto. Subestimando sua própria capacidade quanto cineasta de estúdio e grande produtor que é, Doug Liman só me fez crer que cada desenho de cena realizado aqui é tão somente resultado de mãos alheias interferindo na visão de diretor pé no chão que eu tinha sobre ele. 

 

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