De todos os monstros gigantes que o cinema apresentou em mais de um século de existência, certamente Godzilla está no panteão deles, desde 1954 influenciando uma levada de filmes sci-fi, além de gerações de cineastas e recebendo diversas versões tanto no cinema e até mesmo na TV, o que não quer dizer que tenham sido bons resultados. Este remake, de produção da Warner Bros. e Legendary Pictures, traz à tona o tema da ameaça nuclear que era mais do que evidente na época do surgimento da criatura, além de realçar um drama familiar entre composições grandiosas que têm por finalidade fazer justiça a um personagem icônico, ainda que deixado de lado.

Aproveitando desde os créditos iniciais para discorrer, na forma de documentos militares, acerca da aparição de uma criatura gigante ainda na metade do século XX, acompanhamos Dr. Ichiro Serizawa (Ken Watanabe) e sua assistente Vivienne Graham (Sally Hawkins) seguindo as evidências de um monstro na Ásia em 1999 até chegar a uma usina nuclear no Japão, comprometendo a família de Joe Brody (Bryan Cranston), sem revelar forma alguma, com os noticiários apenas indicando que fora um terremoto de grande escala. Quinze anos se passam e o filho de Brody, Ford (Aaron Taylor-Johnson), é um militar que acaba de voltar para casa em San Francisco para rever o filho e a esposa Elle (Elizabeth Olsen), mas a obsessão/insanidade de seu pai por estudos de bioacústica e ecolocalização, dentre outros tópicos, inclina Ford a voltar ao passado em plenas ruínas ao redor da usina Janjira. É curioso, então, que nós como espectadores passamos a deduzir se o personagem-título seria o grande causador do caos até aqui apresentado, talvez por sua má fama apresentada em outros tempos, mas demora até que gojira apareça em plena forma, mas não menos amedrontador, causando estrago do Havaí até Las Vegas.

Propondo breves pausas a fim de demonstrar o terror causado pelos M.U.T.O.s, com cenas semelhantes às das obras catastróficas de Roland Emmerich (ou seja, alguns exageros), o diretor Gareth Edwards usa esses momentos para explorar a relação da família Brody, por mais que estejam distantes, pai e mãe lutam pela sobrevivência da família com os recursos que têm por perto, sem saber se conseguirão sobreviver até o final desse apocalipse – a magnitude dos estragos produzidos pelos monstros é bastante refletida, tanto é que a escalação de Alexandre Desplat com seus temas sombrios na trilha sonora impulsiona a tragicidade dos eventos. Enquanto nomes veteranos como Watanabe, Hawkings, Cranston e Juliette Binoche surgem em cena mais para fornecer um apoio (e credibilidade) à narrativa assim como para Elizabeth OlsenAaron Taylor-Johnson, este mostrando capaz de segurar um filme praticamente sozinho passando pela típica trajetória do herói, tanto é que, mesmo quando o Godzilla aparece em plena forma da ponte Golden Gate em San Francisco, a atenção continua no conflito de Ford. Enquanto isso, o exército estadunidense, esteja ele em solo, mar ou céu, pra variar, surge sempre imponente e capaz de resolver a situação. 

Os combates entre os monstrões não tomam muito tempo de tela infelizmente, todavia são bem empolgantes, e gradativamente acompanhamos Godzilla revelar seus poderes e seu clássico grunhido, aliado a um design de som muito competente e sutil (assegure-se de assistir numa sala com um ótimo sistema de som), e não são poucos os prédios que serão derrubados no confronto. No entanto, o uso regular do 3D convertido não faz com que a criatura seja tão magnífica quanto fora a apresentação de Smaug no último filme de “O Hobbit, com as escamas do dragão extremamente definidas e bem destacadas pelo recurso, seus movimentos, por muitas vezes, lentos parecem torná-lo vulnerável diante da agilidade e poderes dos parasitas M.U.T.O.s.

 

 

Apesar de uma relativa previsibilidade nos incidentes derradeiros do terceiro ato, “Godzilla” finaliza com uma catarse eficiente, mas incomoda pelo fato de o personagem-título ter aparecido tão pouco, logo agora que ele estava em sua melhor forma.

 

Confira outras críticas:

Crítica 01 | “Godzilla por Gabriel Lisboa

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