Como em todo ano, especialmente desde o lançamento do iPhone, as peripécias tecnológicas da Apple são aguardadas, principalmente pelos fãs da marca, como um evento grandioso, o longa sobre Steve Jobs, que chega as telonas nesse fim de semana, trás também (supostamente) essa visão inovadora e grandiosa junto à imagem do homem que tornou a era da informação um estilo de vida.

Assumido pelo pouco conhecido Joshua Michael Stern, Jobsparece muito mais ser um filme para o Steve Jobs, do que justamente sobre ele. Interpretado pelo duramente criticado Ashton Kutcher, o filme inicia-se com a apresentação histórica do iPod, onde Jobs proclama a invenção com o orgulho de estar inovando toda uma era, colocando seu usuário como objeto único na escala hierárquica social. Deste ponto já se dá pra ter uma boa idéia aonde o filme deseja chegar. O restante da história se sucede como uma montanha russa de um parque temático qualquer, por hora divertida e prazerosa, em outros momentos nem tanto. Julgando a ambiciosidade da obra em retratar os eventos do filme minuciosamente como aconteceram, recriando os anos 70 numa fórmula parecida com a de “Aconteceu em Woodstock”, de Ang Lee, a tentativa de Joshua Stern é fracassada pela falta de um roteiro crível e que sustente seus personagens, não simplesmente os jogando em cena como discípulos de Steve Jobs; esse que em certos momentos soa como Jesus Cristo dando um sermão aos apóstolos.

 

Longe de ser a decepção do filme, Ashton Kutcher pode não ser o ator mais extraordinário do mundo, mas entrega-se ao papel de forma plausível e em momentos mais densos acerta na pontualidade dramática e na potencialidade cênica, deixando-se para trás somente a surpreendente interpretação do (quase) sempre caricato Josh Gad, que rouba a cena numa honesta contraposição a tudo aquilo que Jobs, desde o início, deixará claro sobre o objetivo em fundar a Apple: o prazer de fazer a diferença sendo diferente.

 

 

Não mais inovador do que deseja ser, a biografia de Steve Jobs pode trazer à tona uma ideia menos capitalista da história do homem que mudou pra sempre o modo como se usa a tecnologia, mas ao fim da sessão a única sensação que se tem do filme é que no fundo se trata de um drama auta ajuda qualquer com um bando de personagens mal estruturados discursando belamente, ao contrário de trazer diálogos substanciais históricos.

Crítica:

02 | “Jobs por Gabriel Lisboa 

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